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  • Roxanne Nelson

Cinco passos para manter pacientes com câncer fora do pronto-socorro


As idas ao pronto-socorro (PS) e as internações hospitalares são comuns entre os pacientes com câncer, mas muitas vezes são desnecessárias.

Pesquisadores da University of Pennsylvania, na Filadélfia (EUA) já identificaram o que consideram as cinco melhores práticas para reduzir as idas ao PS e as hospitalizações, o que descrevem como “atendimento urgente não planejado”, que podem ser debilitantes para o paciente e elevar desnecessariamente os custos.

Em um novo artigo publicado on-line em 17 de abril no periódico Journal of Oncology Practice, os autores observam que estas estratégias, quer implementadas separadamente, quer como um programa integrado, podem melhorar a qualidade do tratamento oncológico.

As cinco estratégias são:

● Identificar os pacientes com alto risco de atendimento urgente não planejado;

● Melhorar o acesso e a coordenação dos atendimentos entre os profissionais de saúde;

● Padronizar a conduta clínica de tratamento dos sintomas;

● Criar novos locais de tratamento oncológico de urgência; e

● Usar os tratamentos paliativos precocemente.

Com exceção de abordagens como a análise preditiva para orientar os recursos e o monitoramento automatizado no ambulatório, essas estratégias são de baixa tecnologia, explicou o primeiro autor, Dr. Nathan R. Handley, hematologista-oncologista fellow na Penn's Perelman School of Medicine , e que atualmente cursa um MBA na Wharton School.

“Acredito que existam algumas razões pelas quais isso não foi amplamente implementado”, disse o pesquisador.

Uma das razões é a falta de clareza sobre a eficácia das intervenções. “Me parece que muitos centros conhecem conceitualmente algumas destas estratégias, mas muitos podem não conhecer a eficácia delas”, disse o Dr. Handley ao Medscape.

Outra razão é a falta de imperativo financeiro para reduzir as reinternações hospitalares. “Do ponto de vista político, estamos vendo um movimento cada vez maior na direção das iniciativas baseadas nos valores do atendimento que reduzam ou eliminem o reembolso dos atendimentos desnecessários ou evitáveis”, disse o autor.

No entanto, na oncologia, tem sido difícil definir o que, exatamente, constitui “evitável”, visto que os pacientes tendem a ser bastante complexos, e a estarem muito doentes. A OP-25, uma nova medida oncológica proposta pelos Centers for Medicare & Medicaid Services (ver abaixo) “iria definir o Medicare, e eu suspeito que os planos de saúde particulares adotariam isso, ou algo semelhante, também — o que alguns já estão fazendo”, explicou o Dr. Handley.

Uma das estratégias identificadas foi a implantação de centros de atendimento de urgência dedicados aos pacientes com câncer, que poderiam evitar uma consulta no PS. Embora estes centros possam ser eficazes, exigem equipamentos para serem eficientes, observou o pesquisador.

“O que eu vi acontecer com mais frequência na comunidade foram os horários de funcionamento das clínicas de oncologia”, disse o Dr. Handley. “Estas não costumam ser clínicas que funcionam 24 horas, mas oferecem flexibilidade, de modo que os pacientes possam ser atendidos no mesmo dia, e a flexibilidade é fundamental”.

A vantagem disso é que os pacientes são atendidos dentro de um sistema que conhecem e que os conhece. “Um certo número de clínicas comunitárias é muito bom nisso – talvez em parte porque a necessidade de se adaptar à reforma financeira seja sentida mais intensamente nas comunidades”, acrescentou. “Clínicas menores podem, algumas vezes, implementar novos processos mais rapidamente do que os grandes centros porque há menos pessoas envolvidas”.

Detalhes do estudo

Dr. Handley e colaboradores ressaltam que um desafio essencial do atendimento oncológico de urgência é identificar as hospitalizações planejadas, não planejadas e evitáveis. Enquanto a Agency for Healthcare Research and Quality definiu os critérios de hospitalizações evitáveis no atendimento primário e preventivo, atualmente essas definições não existem na oncologia.

Os Centers for Medicare & Medicaid Services propuseram o acréscimo de uma medida de oncologia ao seu Hospital Outpatient Quality Reporting Program. Conhecida como OP-35: internações hospitalares e atendimentos no PS de pacientes fazendo quimioterapia ambulatorial (Admissions and Emergency Department Visits for Patients Receiving Outpatient Chemotherapy), a medida avaliaria a qualidade do atendimento aos pacientes fazendo quimioterapia e incentivaria a melhora do desempenho. Se finalizado, iniciaria em 2020 e definiria as internações não planejadas.

Para este estudo, os autores revisaram as melhores práticas para reduzir o atendimento de urgência dos pacientes com câncer. A literatura publicada entre 2000 e 2017 foi revisada, bem como as diretrizes de qualidade publicadas por organizações profissionais.

Os pesquisadores também examinaram cinco modelos de atendimento que definiram e criaram sistemas de assistência oncológica de alta qualidade. Estes modelos foram o National Committee for Quality Assurance de atendimento médico domiciliar e atendimento por especialistas conforme a necessidade do paciente; o Community Oncology Medical Home, o CMS Oncology Care Model, e a Commission on Cancer Oncology Medical Home.

Por fim, os autores avaliaram cada estratégia de acordo com os resultados específicos: redução das idas ao PS, redução das hospitalizações, e redução da reinternação hospitalar em 30 dias.

O Penn Medicine e o Abramson Cancer Center, da University of Pennsylvania , já implementaram algumas das estratégias identificadas, com resultados promissores. Como exemplo, o Abramson Cancer Center criou alternativas que desviam os pacientes do pronto-socorro para uma clínica de atendimento de urgência especializada.

“Temos tido excelentes resultados com esta abordagem aqui no Penn com nosso Oncology Evaluation Center, um tipo de clínica de atendimento de urgência específica para os nossos pacientes com câncer”, disse a coautora do estudo Dra. Lynn Schuchter, médica e chefe da Hematologia e Oncologia, em um comunicado da instituição.

O Dr. Nathan R. Handley declarou não possuir conflitos de interesses relevantes. A Dra. Lynn Schuchter informa ter relações financeiras com a empresa Incyte.

J Oncol Pract. Publicado on-line em 17 de abril de 2018. Resumo

Citar este artigo: Cinco passos para manter pacientes com câncer fora do pronto-socorro - Medscape - 4 de mai de 2018.

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