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  • Kristin Jenkins

A prática de exercícios físicos aumenta a sobrevida no câncer. Mesmo pouco, pode fazer toda a difere


A prática de exercícios físicos após o diagnóstico de câncer melhora a sobrevida, mesmo para os pacientes que nunca tenham feito exercício antes, segundo as conclusões de um novo estudo.

Estes são os resultados de uma análise de dados epidemiológicos coletados por 14 anos de uma coorte de 5.807 pacientes que receberam diagnóstico de vários tipos de câncer.

Foi observado um benefício significativo do exercício na sobrevida dos pacientes com um destes oito tipos de tumores: mama, cólon, próstata, ovário, bexiga, endométrio, esôfago e pele (principalmente melanoma).

Os pacientes que se exercitaram regularmente tiveram a maior vantagem de sobrevida na comparação aos sedentários. Os que se exercitavam três a quatro vezes por semana antes e depois do diagnóstico de câncer reduziram o risco de mortalidade por todas as causas em 40% (razão de risco ou hazard ratio de 0,60) e o risco de mortalidade específica por câncer em 39% (hazard ratio de 0,61) quando comparados aos pacientes com câncer que permaneceram "habitualmente inativos".

No entanto, os pacientes que se exercitaram apenas um ou dois dias por semana antes e depois do diagnóstico também tiveram melhora significativa da sobrevida quando comparados aos sedentários, apresentando uma redução de 32% tanto da mortalidade por todas as causas como da mortalidade específica por câncer (hazard ratio de 0,68), revelou o estudo.

Surpreendentemente, mesmo os sedentários renitentes tiveram melhora importante da sobrevida ao iniciarem a prática de exercícios físicos. Os pesquisadores descobriram que os pacientes que foram sedentários na década anterior ao diagnóstico tiveram uma queda de 28% da mortalidade por todas as causas e da mortalidade específica por câncer quando passaram a se exercitar apenas uma ou duas vezes por semana no ano seguinte ao diagnóstico do câncer (hazard ratio de 0,72).

Os benefícios da sobrevida foram observados independentemente de fatores como sexo, idade, peso, tabagismo ou estágio do câncer.

"Em outras palavras, esta associação foi vista em pacientes obesos, tabagistas persistentes, e em pacientes com diagnóstico de tumor avançado", disse ao Medscape a principal pesquisadora Dra. Rikki A. Cannioto, Ph.D., professora assistente de oncologia no Roswell Park Comprehensive Cancer Center, em Buffalo, Nova York.

O estudo foi publicado on-line em 28 de novembro no periódico Cancer Causes & Control.

Nunca é tarde para adotar um estilo de vida saudável que pode modificar a sobrevidaDra. Rikki Cannioto.

Estes achados indicam que "nunca é tarde para adotar um estilo de vida saudável que pode modificar a sobrevida", disse a Dra. Rikki. "Esta é uma boa notícia para todos os pacientes com câncer".

"Em conjunto, essas observações solidificam a importância clínica e de saúde pública da mensagem de que a prática regular semanal de qualquer tipo e de exercício físico de qualquer intensidade é melhor do que a inatividade", segundo os autores. Isto é "ainda mais inovador, dado que os pacientes podem se sentir pouco estimulados pelas atuais recomendações de atividades físicas de intensidade moderada durante 30 minutos por dia".

A população estudada foi predominantemente branca e com mais mulheres do que homens (55% versus 45%). O total de pacientes tendo afirmado não se exercitar regularmente antes do diagnóstico foi de 1.390 (24,4%) e 2.400 (41,9%) disseram não se exercitar após o diagnóstico de câncer.

Os autores reconheceram que a coleta dos dados, baseada nas informações dos pacientes sobre suas atividades físicas é uma "limitação primária do estudo", pois está sujeita ao viés da memória e ao erro de classificação, especificamente referente à década anterior ao diagnóstico.

Inclusão de exercícios no tratamento de suporte?

"Estes dados demonstram o valor potencial da implementação de exercícios no continuum do tratamento de suporte aos pacientes com câncer, e podem orientar futuros ensaios clínicos de intervenção direcionados para a melhora dos desfechos clínicos nos pacientes diagnosticados com diversos tipos de câncer", destacaram os autores.

Os oncologistas devem orientar seus pacientes acerca dos benefícios para a sobrevida da prática de atividades físicas e encorajá-los a utilizar recursos dentro do sistema de saúde e na comunidade, sugeriu a Dra. Rikki. O encaminhamento para fisioterapia pode ajudar com questões de mobilidade, e muitos serviços comunitários como o YMCA oferecem programas de exercício gratuitos para pacientes com câncer, comentou a pesquisadora.

Contudo, algumas questões foram levantadas acerca do equilíbrio entre a necessidade de exercício dos pacientes graves e os riscos adicionais à saúde criados pela prática de exercício físico, como, por exemplo, foi expresso em um editorial publicado em junho deste ano no periódico Lancet Oncology.

Os editorialistas (não identificados) destacaram que, em maio, quando a Clinical Oncology Society of Australia (COSA) publicou seu posicionamento, recomendando a prescrição de exercícios para todos os pacientes com câncer como parte do tratamento, nada menos do que 25 das principais instituições de atendimento de saúde apoiaram a conduta. As recomendações contidas nas diretrizes sobre exercício da COSA foram noticiadas pelo Medscape.

Apesar de todo o endosso à incorporação do exercício físico no tratamento do paciente com câncer, "seria ingênuo pensar que poderia ou deveria existir um tratamento único, que sirva para todos os pacientes", ponderaram os editorialistas.

"As comorbidades e a fragilidade dos pacientes precisam ser levadas em conta na avaliação da viabilidade de qualquer programa de exercícios", explicaram.

Em uma coluna de correspondências que acompanha a publicação, uma equipe de pesquisadores do Princess Margaret Cancer Center, University Health Network, em Toronto, Canadá, concordou que as comorbidades mais comuns e os efeitos colaterais do tratamento podem aumentar o risco para os pacientes que poderiam se beneficiar de exercícios.

As atuais diretrizes de exercícios físicos para os pacientes com câncer são primariamente direcionadas para o público geral "com algumas ressalvas específicas para o câncer", segundo Daniel Santa Mina, professor assistente na faculdade de cinesiologia e educação física da University of Toronto e colaboradores.

No formato atual, estas diretrizes "não são suficientes para informar os médicos e os profissionais do exercício de maneira eficaz sobre como identificar e tratar muitas das potenciais contraindicações ao exercício, especialmente devido ao alto grau de heterogeneidade dos riscos dos pacientes e de suas comorbidades", enfatizaram os autores.

Para superar estas barreiras ao exercício, os pesquisadores criaram uma ferramenta clínica "caso afirmativo, então" que dá aos médicos orientações baseadas em evidências sobre as contraindicações mais comuns ao exercício.

Este Safety Reference Guide pode ser usado junto com as diretrizes do American College of Sports Medicine e da COSA para padronizar o gerenciamento dos riscos e determinar as precauções para a prática de exercícios físicos. Em última análise, permite que os médicos prescrevam exercícios de forma segura e individualizada para os pacientes com câncer que seriam potencialmente excluídos dos benefícios de um programa completo de exercícios.

Este guia agora faz parte de um programa de exercícios supervisionados por médicos, de oito semanas, chamado Cancer Rehabilitation and Exercise(CaRE) no Princess Margaret Hospital para pacientes com problemas ativos relacionados ao câncer, como fadiga, falta de condicionamento físico, linfedema ou disfunção geral ou localizada.

O estudo sobre os benefícios do exercício para a sobrevida no câncer foi financiado pelo Roswell Park Cancer Center e pelo National Cancer Institute. A Dra. Rikki A. Cannioto, Daniel Santa Mina e coautores informaram não ter conflitos de interesses relevantes.

Cancer Causes Control. Publicado on-line em 28 de novembro de 2018. Abstract

Citar este artigo: A prática de exercícios físicos aumenta a sobrevida no câncer. Mesmo pouco, pode fazer toda a diferença - Medscape - 3 de janeiro de 2019.

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