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  • Miriam E. Tucker

Mudanças pontuais no estilo de vida podem aumentar fertilidade de mulheres obesas com dificuldade de


Nova Orleans — Uma intervenção de baixa intensidade no estilo de vida pode ajudar a aumentar a fertilidade de mulheres obesas que estão tendo problemas para conceber, mostra nova pesquisa.

Os resultados de um estudo randomizado controlado de 18 meses comparando um programa de estilo de vida com o tratamento de fertilidade convencional em mulheres inférteis com sobrepeso ou obesidade foram apresentados no dia 23 de março no ENDO 2019: The Endocrine Society Annual Meeting por Matea Belan, pós-doutoranda da Sherbrooke University, em Quebec, Canadá.

A intervenção, que combinou sessões individuais com nutricionista e fisioterapeuta a cada seis semanas e 12 sessões em grupo obrigatórias, melhorou significativamente as taxas de gestação espontânea e as taxas gerais de gestação. A intervenção também melhorou a percentagem de nascidos vivos em comparação aos controles, embora essa diferença não tenha sido significativa.

A maioria das sociedades profissionais relacionadas com fertilidade recomenda que mulheres obesas inférteis percam entre 5% e 10% do próprio peso corporal com modificações no estilo de vida, a fim de aumentar suas chances de engravidar, com base em dados que sugerem que a obesidade prejudica a fertilidade.

No entanto, os únicos dados de um estudo randomizado controlado de intervenção para perda de peso para aumentar a fertilidade produziram resultados negativos aos seis meses.

Este estudo é diferente, explicou Matea, já que continuou a intervenção e acompanhou as mulheres por até 18 meses ou até o final da gestação. Além disso, o ensaio anterior utilizou uma intervenção muito intensiva, enquanto o estudo atual usou uma intervenção de menor intensidade, mas visitas mais frequentes para reforçar o comportamento.

“Tivemos metas viáveis para melhorar os hábitos nutricionais e de estilo de vida lenta e gradualmente. Queremos que elas os mantenham com o tempo, em vez de fazer algo muito rápido que não será mantido”, disse Matea ao Medscape.

Convidada a comentar, a Dra. Licy L. Yanes Cardozo, médica e professora assistente de medicina no University of Mississippi Medical Center, em Jackson, disse ao Medscape: “Eu simplesmente adorei esse artigo e fiquei surpresa com o impacto. Não se tratou apenas de dieta e exercícios, mas também de motivação. É assim que se faz. O que fazemos agora no consultório é dizer às pessoas para irem para casa e perderem um pouco de peso”.

“Essas pacientes tiveram 12 ou mais sessões com a equipe. Acho que isso fez a diferença. Foi bem feito.”

As taxas de gestação espontânea e geral aumentaram

O Obesity-Fertility Study randomizou 130 mulheres que procuraram tratamento de fertilidade com índice de massa corporal (IMC) ≥ 30 kg/m² ou com síndrome de ovários policísticos (SOP) e IMC ≥ 27 kg/m². As inscritas tinham média de idade de 30 anos e IMC médio de 40 kg/m².

Durante os seis primeiros meses do estudo, as 65 mulheres randomizadas para a intervenção “Fit-for-Fertility” não receberam nenhum outro tratamento, mas podiam fazê-lo depois de então. As 65 pacientes do grupo de controle fizeram os tratamentos de fertilidade convencionais. No total, 46 pacientes no grupo de intervenção e 52 pacientes do grupo de controle concluíram o estudo de 18 meses.

Para a intervenção no estilo de vida, os pesquisadores fizeram entrevistas motivacionais para identificar os hábitos diários das pacientes na época e compreender as mudanças que elas seriam capazes de realizar. Elas foram solicitadas a reduzir a ingestão calórica total em cerca de 500 calorias por dia, mas não foram solicitadas a mudar a alimentação. Elas também foram orientadas a aumentar a atividade física em aproximadamente 150 minutos por semana.

“Queríamos pequenas mudanças, mas que fossem mantidas ao longo do tempo”, explicou Matea.

Aos seis meses, as mudanças médias de peso foram -3,4% vs. -0,89% no grupo de intervenção vs. grupos de controle (P = 0,003), a circunferência abdominal reduziu 2,9 cm vs. 0,97 cm (P = 0,036) e o percentual de massa gorda caiu 1,3% vs. 0,47%, respectivamente (P = 0,033).

“Embora as diferenças não pareçam grandes, o grupo de intervenção melhorou significativamente suas medidas antropomórficas em comparação aos grupos de controle”, observou Matea.

O grupo da intervenção no estilo de vida também mostrou melhoras significativas nas pontuações do Health Eating Index (P = 0,001) e gasto energético diário por equivalentes metabólicos (P = 0,04) e reduziu o tempo gasto em atividades sedentárias (-6,48 vs. 0,24 horas por semana; P = 0,002).

Aos 18 meses, 60,8% do grupo de intervenção tinha engravidado em comparação a apenas 38,6% das pacientes controle (P = 0,021). E as gestações espontâneas – isto é, entre aquelas que não fizeram tratamento de fertilidade – quase triplicaram, ocorrendo em 33,3% vs. 12,3% (P = 0,009).

O desfecho primário, nascidos vivos aos 18 meses, não diferiu significativamente entre os grupos de intervenção e controle (51,0% vs. 36,8%; P = 0,139), mas a diferença – que foi quase 40% maior no grupo de intervenção – “foi clinicamente foi muito significativa”, disse Matea.

Algumas das mulheres se mostraram preocupadas de entrar no estudo e postergar o tratamento de fertilidade por seis meses caso fossem randomizadas para a intervenção, e que mais tarde isso pudesse afetar adversamente a sua capacidade de conceber.

Mas não parece ter sido o caso, já que as taxas de gestação aumentaram ao longo do tempo no grupo de intervenção no estilo de vida, de 17,6% nos primeiros seis meses para 23,5% em 12 a 18 meses vs. redução de 17,6% para 5,3% para as pacientes controle.

A Dra. Licy comentou: “A perda de peso não foi tão impressionante, mas houve mudanças positivas que foram. Então, pode haver algo independente da perda de peso”.

Ela também destacou que apenas cortar dois refrigerantes adoçados com açúcar por dia chegaria perto de atingir as metas alimentares para a intervenção, observando: “Isso não é tão difícil... não precisa ser dramático. Reduzir algumas calorias, ser mais ativa. Agora temos um estudo mostrando que se a paciente adota essas medidas, aumenta suas chances. Precisamos dar às pacientes os meios”.

As Dras. Matea e Licy informaram não ter relações financeiras relevantes.

ENDO 2019. Apresentado em 23 de março de 2019. Abstract OR11-2.

Citar este artigo: Mudanças pontuais no estilo de vida podem aumentar fertilidade de mulheres obesas com dificuldade de conceber - Medscape - 18 de abril de 2019.

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