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  • Troy Brown

Estudo sugere que transtornos mentais relacionados com o estresse aumentam o risco de doença cardiov


Os transtornos relacionados com o estresse podem aumentar o risco de doença cardiovascular (DCV), especialmente durante o primeiro ano após o diagnóstico, mostra um grande estudo.

"Esta análise populacional controlada por um grupo de irmãos de pai e mãe mostrou uma clara associação entre o diagnóstico clínico de transtornos relacionados ao estresse e o risco subsequente de doença cardiovascular, particularmente durante os meses após o diagnóstico, na população sueca", escreveram os pesquisadores.

O risco foi quase duas vezes maior para aqueles com transtornos relacionados com o estresse em comparação aos seus irmãos de pai e mãe sem o transtorno. A associação foi vista igualmente entre os homens e as mulheres, e foi independente de características familiares, história de transtornos psiquiátricos ou somáticos e comorbidades psiquiátricas.

Huan Song, do Centro de Ciências da Saúde Pública na faculdade de medicina da Universidade da Islândia, em Reykjavík, e do Institutionen för Medicinsk epidemiologi och biostatistik, Karolinska Institutet, em Estocolmo, na Suécia, e colaboradores publicaram suas conclusões on-line em 10 de abril no periódico BMJ.

“Um dos grandes pontos fortes do estudo em tela é o desenho do controle com os irmãos de pai e mãe, o que nos permite supor, com certo grau de razoabilidade, a semelhança do ambiente, de estilo de vida e dos comportamentos em relação à saúde entre as pessoas com esse transtorno e seus irmãos de pai e mãe pareados sem o quadro", escreveu o Dr. Simon L. Bacon, Ph.D., professor e diretor do Canadian Institutes of Health Research-Strategy for Patient-Oriented Research, no editorial que acompanha o estudo.

"Essas premissas possibilitam inferências sobre potenciais vias alternativas ligando esses transtornos à doença cardiovascular".

O estudo foi feito com 136.637 pacientes do Swedish National Patient Registerdiagnosticados com transtornos relacionados com o estresse; uma coorte de 171.314 irmãos de sangue (pai e mãe) sem o transtorno; e um grupo pareado de 1.366.370 pessoas não expostas da população geral. Os pacientes foram acompanhados por até 27 anos.

Os transtornos relacionados com o estresse considerados foram: transtorno do estresse pós-traumático, reação de estresse agudo, transtorno de ajustamento e outras reações de estresse.

Entre os pacientes expostos, seus irmãos de pai e mãe sem o transtorno e os participantes pareados não expostos, a taxa bruta de incidência de doença cardiovascular de qualquer tipo foi de 10,5; 8,4 e 6,9 por 1.000 pessoa-anos, respectivamente, durante os 27 anos do acompanhamento.

Em comparação com seus irmãos sem o transtorno, os pacientes expostos tiveram quase o dobro do risco de doença cardiovascular de qualquer tipo durante o primeiro ano de acompanhamento (razão de risco ou hazard ratio, HR, de 1,64; intervalo de confiança, IC, de 95%, de 1,45 a 1,84). A maior HR específica por subtipo foi observada na insuficiência cardíaca (HR = 6,95; IC 95% de 1,88 a 25,68).

As hazard ratio caíram em geral depois de um ano (HR = 1,29; IC 95%, de 1,24 a 1,34) e as HR para cada subtipo variaram de 1,12 (IC 95%, de 1,04 a 1,21) para arritmia a até 2,02 (IC 95%, de 1,45 a 2,82) para trombose/embolia arterial.

As associações foram mais fortes entre os que eram mais jovens no início do estudo – na análise dos irmãos: HR = 1,52 para aqueles com idade ≤ 28 anos; HR = 1,26 para aqueles com idades entre 29 e 41 anos; e HR = 1,30 para aqueles com idade ≥ 42 anos; P da interação = 0,010.

Também houve uma associação mais forte entre os transtornos relacionados com o estresse e a DCV precoce em comparação ao aparecimento tardio de DCV (análise dos irmãos: HR = 1,40 para idade do episódio < 50 anos versus1,24 para idade do episódio ≥ 50 anos; P = 0,002).

A existência de comorbidade psiquiátrica não alterou estas associações, com exceção das doenças cardiovasculares fatais. Os resultados foram semelhantes quando comparados à população pareada da coorte (HR = 1,71; IC 95%, de 1,59 a 1,83 para doença cardiovascular de qualquer tipo durante o primeiro ano de acompanhamento e HR = 1,36; IC 95%, de 1,33 a 1,39 depois disso).

Registando que o maior efeito foi observado com a insuficiência cardíaca durante o ano após o diagnóstico, o Dr. Simon explicou, "a insuficiência cardíaca é, muitas vezes, uma doença crônica de evolução lenta, de modo que a causalidade reversa não pode ser totalmente excluída, e novos estudos são necessários para explorar a potencial natureza bidirecional desta relação".

"O teste final de uma relação unidirecional entre o estresse agudo induzido por transtornos psiquiátricos e a doença cardiovascular será por meio de estudos de intervenção para tratar essas doenças. Se a associação for causal, então o tratamento eficaz do transtorno psiquiátrico deverá reduzir o risco de futuros episódios de doença cardiovascular", acrescentou o pesquisador.

O caráter frequentemente catastrófico dos episódios de doença cardiovascular reforça a importância de estar alerta para as DCV nos pacientes com transtornos relacionados ao estresse, disseram os autores.

"Estes resultados demandam mais atenção clínica e, se comprovados, acompanhamento ou intervenção precoce nos pacientes com transtornos de estresse recém-diagnosticados", concluíram Huan e colaboradores.

Os autores do estudo informaram não ter conflitos de interesses financeiros relevantes. O Dr. Simon Bacon informou receber bolsas de pesquisa iniciada pelo pesquisador das empresas GSK e Abbvie; prestar consultoria para as empresas Schering-Plough, Merck, Astra-Zeneca, Sygesa e Bayer; e receber honorários de palestrante das empresas Novartis e Janssen, sem nenhuma relação com este tema.

BMJ. Publicado on-line em 10 de abril de 2019.

Citar este artigo: Estudo sugere que transtornos mentais relacionados com o estresse aumentam o risco de doença cardiovascular - Medscape - 30 de abril de 2019.

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